Reflexão: Quando o bebê não vem.

     Ser mãe ou pai é um sonho para a maioria das pessoas depois que se casam, mas nem sempre fácil de realizar.
     Entenda as causas da infertilidade e saiba quando procurar o tratamento.

  • Responsabilidade dividida
A delicadeza do assunto e até os muitos preconceitos envolvidos levam a crer que a infertilidade é um problema que atinge principalmente mulheres, o que não é verdadeiro.
" Entre as causas, 40% são de origem feminina, 40% masculina e 20%, uma combinação entre fatores de ambos os lados.
 Dentre as causas femininas, as mais comuns são:

  1. Distúrbios ovulatórios e problemas tubáricos ( aderências, obstrução, etc.)
  2. A endometriose pélvica também é uma causa comum de infertilidade.
Dentre as causas masculinas, a principal é a alteração da concentração de espermatozoides ejaculados ( diminuição do número), explicação de Paulo Perin.

  • É hora de tratar
Nunca é demais lembrar que nem sempre se consegue uma gravidez nas primeiras tentativas e isso não significa que haja realmente um quadro de infertilidade, pode ser apenas ansiedade.
           Assim, como saber o momento certo de procurar um médico?
" Um casal que tem relações sem proteção no período fértil ( pacientes com ciclos menstruais regulares) e não consegue engravidar após 12 meses de tentativa deve procurar um especialista para iniciar a investigação das possíveis causas de infertilidade".
           Mas, há casos em que é aconselhável fazer uma consulta antes mesmo de se começar a busca pela gravidez.
" Pacientes com ciclos irregulares ou que não apresentam menstruação por meses devem procurar antes um especialista. Já as com mais idade, também devem ficar atentas, pois um atraso muito grande na procura por um especialista pode comprometer as chances de sucesso das diferentes formas de tratamento".

  • O LADO FEMININO
Dentre as principais causas para a infertilidade entre as mulheres, as disfunções hormonais são as mais comuns. E o problema pode ter origens diversas, daí a importância de exames detalhados com um especialista. Veja os problemas mais comuns na ala feminina.

  1. ANOVULAÇÃO -  ocorre quando os mecanismos hormonais reguladores do ciclo reprodutivo falham e os ovários não liberam óvulos para a fecundação.
  2. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS - É um distúrbio que atinge cerca de 10% das mulheres e pode ser decorrente da produção em excesso de androgênio, hormônio masculino, provocando ciclos menstruais irregulares e sintomas como acne e ganho de peso.
  3. DEFICIÊNCIA DO CORPO LÚTEO - O tecido que faz parte do óvulo, após sua liberação pelo ovário, também pode dificultar a gravidez. O corpo lúteo é responsável pela nutrição do embrião até que ele se fixe no útero e por impedir a menstruação, mantendo a gravidez com a produção dos hormônios progesterona e estradiol. Nem sempre, no entanto, há produção hormonal adequada para essas tarefas e a gravidez pode ser interrompida.
  4.  OUTROS FATORES HORMONAIS - Doenças da tireoide, bem como o aumento das taxas de prolactina ( hormônio normalmente secretado durante e após a gravidez para estimular a produção de leite, que, fora da gestação, torna os ciclos férteis irregulares) também podem causar infertilidade.
  5. PROBLEMAS TUBÁRIOS - A obstrução e a perda da função das tubas ( antigamente chamadas trompas) são causas importantes de infertilidade entre as mulheres. O encontro do óvulo com o espermatozoide ocorre nas tubas e são elas que devem conduzir o embrião até o útero. Elas precisam, portanto, estar livres e com seus movimentos normais. As doenças inflamatórias da pelve, especialmente as causadas por CLAMÍDIA E GONOCOCO, podem comprometer as tubas quando não tratadas adequadamente.
  6. ENDOMETRIOSE - Cerca de 7% das mulheres em idade reprodutiva sofrem de endometriose.O problema consiste na implantação de tecido do endométrio, a camada interna do útero que se renova mensalmente, fora da cavidade uterina. A endometriose se inicia durante a menstruação, quando fragmentos do endométrio passam pelas tubas e caem no abdome. Se o sistema imunológico não elimina esses corpos estranhos ao local, esses fragmentos se instalam nos ovários, tubas e outras áreas, causando reações inflamatórias, que podem evoluir para aderências e cicatrizes. Isso dificulta a implantação do embrião no útero e aumenta os riscos de aborto.
  7. ALTERAÇÕES UTERINAS - Os miomas e pólipos, dependendo da localização e do tamanho, às vezes causam deformidades na parede interna do útero, impedindo a fixação do embrião. O mesmo pode acontecer em decorrência de cicatrizes resultantes de curetagens ou infecções. As malformações, como o útero bicorno (dividido), também são fatores impeditivos para a gravidez.
NA ALA MASCULINA

          Entre os homens, os fatores mais comuns para a infertilidade estão relacionados à produção de espermatozoides. os principais problemas são:

  • ALTERAÇÕES MORFOFUNCIONAIS - Os espermatozoides são considerados normais quando estão de acordo com padrões específicos. As seguintes alterações podem comprometer a fertilidade masculina:
  1. Oligospermia ( baixa contagem de espermatozoides) 
  2. Astenospermia ( baixa motilidade, ou capacidade de se mover)
  3. Teratospermia  ( alta incidência de formas anormais).
  • AUSÊNCIA DE ESPERMATOZOIDES - A azoospermia pode ser consequência da obstrução dos canais deferentes ou do epidídimo - região onde são armazenados os espermatozoides após sua produção. Essa ausência também está relacionada a possíveis falhas dos testículos, causada por problemas congênitos, hormonais ou doenças infecciosas, como a caxumba.
  • VARICOCELE - As varizes dos testículos afetam cerca de 10% dos homens. A dilatação das veias da região dos testículos, especialmente após exercícios físicos, dificulta o retorno venoso, aumentando a temperatura local. Como consequência, a qualidade do sêmen fica comprometida com diminuição da motilidade e da produção de espermatozoides.
  • FATORES IMUNOLÓGICOS - A produção de anticorpos que atuam contra os próprios espermatozoides pode acontecer após uma cirurgia, trauma ou infecção na área genital. Os anticorpos diminuem a motilidade e comprometem a habilidade do espermatozoide de penetrar e fertilizar o óvulo. Por isso, doenças acompanhadas de febre, infecções  e traumas na região genital merecem atenção na investigação de causas para a infertilidade. O mesmo vale para exposição à radiação e o uso de substâncias tóxicas.
SOLUÇÕES MAIS COMUNS
     
      Existem inúmeras técnicas, às quais se dá o nome de reprodução assistida,com um grau bastante elevado de sucesso. Entenda quais são os procedimentos mais comuns:

  • INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL - com certeza, é a técnica mais utilizada e indicada para casos em que o homem apresenta pouco volume ou baixa concentração de espermatozoides. é empregada também em casos de alterações no muco cervical (na mulher), auxiliando os gametas masculinos  a migrarem para as tubas. " É um procedimento simples, realizado por meio de um cateter introduzido no útero. As chances de sucesso estão entre 20 e 30%, dependendo da causa da infertilidade", informa Paulo Perin.
  • TERAPIA HORMONAL - Consiste em administrar hormônios que estimulam a atividade ovariana. É indicada para mulheres com quadro de ovulação irregular e também utilizada no processo de fertilização in vitro. "Na ovulação natural, apenas um folículo amadurece, liberando um óvulo. Com o estímulo de medicamentos, vários óvulos passam a ser disponibilizados para a fecundação e preparar o útero para receber o embrião", descreve o médico.
  • FERTILIZAÇÃO IN VITRO ( FIV) - É bastante conhecida e uma das mais utilizadas, especialmente quando as causas da infertilidade são ligadas à mulher. A técnica realiza a fecundação do óvulo pelo espermatozoide em uma placa no laboratório. Apesar de haver algumas variações, em geral, o processo acontece em 5 etapas ( veja no quadro abaixo). O sucesso é bem variável e depende de vários fatores, ficando entre 25% e 55%.
  • INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDE - É uma das técnicas mais revolucionárias, por permitir que até mesmo homens vasectomizados possam gerar uma nova vida. O segredo aqui é a coleta do espermatozoide diretamente no testículo - feita através de aspiração por uma agulha mais fina que um fio de cabelo - que depois será introduzido diretamente em um óvulo. Depois da fertilização, o procedimento segue os mesmos padrões da FIV comum. " Essa técnica derrubou a ideia de que os espermatozoides necessitam passar por todo o trato genital masculino para fecundar. Foram criadas várias técnicas de coleta dos gametas masculinos diretamente no local onde são armazenados após sua produção. Combinada com o trabalho nos laboratórios, que consegue capacitar gametas com pouca motilidade ou com alterações morfológicas, essa técnologia é uma resposta promissora à infertilidade masculina", elogia Perin
CONSULTORIA: PAULO PERIN ( Doutor em Ciências pelo Departamento de Patologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

TEXTO: DAVID CINTRA
REVISTA SUA SAÚDE

ETAPAS DA FIV

  1. Estimulação ovariana - é feita com administração de hormônios para aumentar o número de óvulos, bem como sua maturação.
  2. Aspiração e seleção dos óvulos - os folículos disponíveis são coletados por aspiração. Em geral, são aspirados de 7 a 15 óvulos e os melhores gametas são selecionados para a fecundação.
  3. Fertilização - os óvulos ficam "incubados" e, no dia do procedimento, coleta-se uma amostra de espermatozoides do futuro pai, que receberão tratamento em laboratório para ter a ação potencializada. Por fim, óvulos e espermatozoides são colocados em um recipiente especial para a fecundação e formação dos embriões.
  4. Maturação - os embriões vão para uma incubadora que simula o ambiente da tuba uterina até se dividirem em oito células ou mais.
  5. Transferência para o útero - Seleciona-se de 1 a 4 (dependendo da idade materna) embriões que apresentarem entre 6 e 8 células simétricas, nenhum fragmento e estiverem envoltos por uma película fina.




       

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