Família: O Drama da Gravidez na Adolescência


                           O DRAMA DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

                Gravidez na adolescência nem sempre foi um tema dramático. Em tempos passados, muitas de nossas mães, tias, avós e bisavós experimentaram a gravidez exatamente no período da adolescência. Em outras épocas, tal fato era naturalmente comum; a sociedade esperava que as adolescentes devidamente casadas através dos laços do matrimônio engravidassem o quanto antes e dessem quantos filhos o casal pudesse ter. Afinal, lugar de mulher era dentro de casa; sem a necessidade de buscar formação acadêmica nem de trabalhar, era na vida doméstica e na maternidade que as mulheres encontravam sua realização pessoal. Novos tempos, novas posturas.
                A sociedade atual trata a gravidez nesta faixa etária como um assunto muito polêmico. Talvez, porque com a entrada da mulher no mercado de trabalho, o que se espera dela, em geral, é que primeiramente estude o máximo que puder, tenha sucesso profissional e em terceiro plano constitua sua própria família com filhos- de preferência, apenas um ou dois.
                Neste contexto, uma adolescente, ainda em pleno processo de construção moral, psicológica e profissional, deve concentrar-se em superar os desafios que sua faixa etária apresenta. A maternidade precoce, portanto, tende a impedi-la de cumprir esse papel social com tanta eficiência.
                Considerando esses fatos, atualmente a polêmica maior sobre a gravidez na adolescência gira em torna da desestruturação familiar, financeira, psicológica, social e do despreparo dos adolescentes da sociedade vigente para enfrentarem a maternidade nesta época como um fenômeno de crise, ou seja, um período temporário de desorganização, precipitado por mudanças internas ou externas. Pode-se afirmar que tanto a adolescência quanto a gravidez são uma crise. A primeira, necessária e imprescindível para o crescimento do indivíduo enquanto ser humano; já a segunda é uma opção- afinal, pode-se escolher o momento de viver a gravidez.
                A adolescência caracteriza-se por grandes questões, como a busca por uma identidade que possibilite a passagem da fase infantil para a adulta; a explosão de novas sensações corporais; o ingresso da vida profissional; a problemática da dependência dos pais... Acrescer a essas questões uma grande mudança de identidade, uma verdadeira transição existencial como é a gravidez, torna a situação bastante complexa. O envolvimento de pais e amigos é inevitável. Uma gestação precoce abrange uma rede de relações e preceitos sociais; portanto, é uma crise sistêmica.
                Além disso, existem diversos estudos que confirmam fatores de risco importantes para a saúde da mãe e do bebê, quando a gravidez acontece na adolescência. O processo tem sérias implicações biológicas, familiares, emocionais e econômicas, além das jurídico-sociais, que atingem o indivíduo isoladamente e a sociedade como um todo. A gravidez na adolescência tende a limitar ou mesmo adiar as possibilidades de desenvolvimento e engajamento dessas jovens na sociedade. Devido às repercussões sobre a mãe e o bebê, esse tipo de gestação é considerado de alto risco pela Organização Mundial de Saúde. Porém atualmente postula-se que o risco seja mais social do que biológico.
                A atividade sexual na adolescência vem se iniciando cada vez mais precocemente, com consequências indesejáveis imediatas como o aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) nessa faixa etária; a gravidez, muitas vezes também indesejável. Por isso, muitas gestações desse tipo podem terminar em aborto. Quando a atividade sexual tem como resultado uma gravidez, gera consequências tardias a longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, distúrbios emocionais e comportamentais, dificuldades educacionais e de aprendizado, além de eventuais complicações da gravidez e problemas de parto.
                Existem relatos de que complicações obstétricas ocorrem em maior proporção nas adolescentes, principalmente nas de faixa etária mais baixa. Há constatações que vão desde anemia, ganho de peso insuficiente, hipertensão, infecção urinária, doenças sexualmente transmissíveis, desproporção céfalo-pélvica (a cabeça do bebê pode ser maior que a passagem pela bacia pélvica durante o parto) até complicações puerperais (problemas com o bebê depois do parto). Porém, devemos ter o cuidado de nos lembrar que esses achados se relacionam também com os cuidados pré-natal, não há maior risco de complicações obstétricas quando se comparam mulheres adultas e adolescentes de mesmo nível socioeconômico.

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