Meditação: Dia Internacional da Mulher

Sociedade de Mulheres Viris

   Existem pessoas frágeis, mas sexo frágil? Esqueça. As Mulheres nunca estiveram tão fortes, decididas, abusadas até. O que é saudável: quem não busca corajosamente sua independência acaba sobrando e vivendo de queixas. Uma sociedade de homens e Mulheres que prezam sua liberdade e atingem seus objetivos é um lugar mais saudável para se viver. Realização provoca alegria.
   O que não impede que prestemos atenção no que essa metamorfose pode ter de prejudicial.
As mulheres se masculinizaram, é fato. Não por fora, mas por dentro. As qualidades que lhes são atribuídas hoje, e as decorrentes conquistas dessa nova maneira de estar no mundo, eram atributos considerados apenas dos homens. Agora ninguém mais tem monopólio de atributo algum: nem eles de seu perfil batalhador, nem nós da nossa afetividade. Geração bivolt. Homens e Mulheres funcionando em dupla voltagem, com todos os atributos em comum. Mas, seguimos, sim, precisando uns dos outros - como nunca.
    Não são poucas as mulheres potentes que parecem conseguir tocar o barco sozinhas, sem alguém que as ajude com os remos. Mas é só impressão. Talvez não precisemos de quem reme conosco; mas há em todas nós uma necessidade ancestral de confirmar a fêmea que invariavelmente somos. E isso se dá através da maternidade, do amor e do sexo. Se não for possível ter tudo (ou não se quiser), ao menos alguma dessas práticas é preciso exercer na vida íntima, caso contrário, viraremos uns tratores. Muito competentes, mas com a identidade incompleta.
   Nossa virilização é interessante em muitos pontos, mas se tornará brutal se chegarmos ao exagero de declarar guerra aos nossos instintos. O.k, ser mãe não é obrigatório; ter um grande amor é sorte; e muitas fazem sexo apenas para disfarçar o desespero da solidão; mas, seja qual for o contexto em que nos encontramos, é importante seguir buscando algo que nos conecte com o que nos restou do terno; aquela doçura que cada mulher sabe que ainda traz em si e que deve preservar, porque não se trata de uma fragilidade paralisante e, sim de uma característica intrínseca ao gênero;  a parte de nós que se reconhece vulnerável e que não precisa se envergonhar disso. Se é igualdade que a gente quer, extra, extra: homens também são vulneráveis.
   "Cuida bem de mim", dizia o refrão de uma música antiga do Dalto, e que Nando Reis regravou recentemente. Cafona? Não. Ora, se a gente não se desfizer da nossa prepotência e não se permitir um tantinho de insegurança e delicadeza, a construção desta "Nova Mulher" terá se desviado para uma caricatura.
A intenção não era a gente se transformar no estereótipo de um homem, era?
   Cuide-se bem, e permita que os outros lhe cuidem também.
"Viva o Dia internacional da Mulher!
  Dia 08 de março.

Texto: MARTA MEDEIROS (grande escritora).
Revista: O Globo.


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