Nutrição e Saúde: Café

Café, uma arma contra o Câncer e o diabetes

Diz-se que o hábito de tomar café, popular o império otomano, só se difundiu no mundo ocidental depois de absolvido da acusação de ser coisa do diabo pelo Papa Clemente VIII, no início do século XVII. Ao prová-lo O Sumo Pontífice tratou de dirimir dúvidas: achou que um produto tão saboroso, de aroma tão marcante, só poderia ser, isso sim, coisa de Deus. Às muitas lendas em circulação sobre a bebida, soma-se quatro séculos depois, uma lista de pesquisas atestando seus efeitos medicinais e, em alguns casos, sua inocência  diante de alegações como as de que poderia fazer mal ao coração, aumentar o risco de AVC e prejudicar a absorção de alguns medicamentos.
Segundo a maioria dos estudos mais recentes, além de conferir disposição - efeito conhecido desde o início de seu consumo, mil anos atrás - o café protege contra o diabetes e alguns tipos de câncer. Há indícios de que também ajude a prevenir doenças neurológicas, como os males de Alzheimer e Parkinson, e de que proteja, principalmente as mulheres, contra AVC, doenças cardíacas e depressão. O mais recente trabalho, publicado na última quarta-feira, na" American Journal of Clinical Nutrition", acompanhou 42 mil pessoas ao longo de 9 anos e revelou que, entre os bebedores de café, as chances de desenvolver diabetes são 23 % menores.Duas xícaras de café por dia , já protege contra diabetes,

Além da cafeína, antioxidantes e vitaminas.
O teor de cafeína no cafezinho filtrado é de 2 % a 2,5%, enquanto no expresso fica entre 2,5% a 3%. Nas outras bebidas que têm cafeína ( chá, chocolate, guaraná em pó, coca-cola), a quantidade é parecida. Uma pessoa saudável pode consumir até 300 miligramas de cafeína  por dia ( 0 equivalente a três xícaras médias). Para mulheres grávidas não deve ultrapassar 200 miligramas. No Brasil, desde 2008 está em curso o projeto "Café e Saúde", no Incor de São Paulo, sob a coordenação de Machado César. Até agora, 106 pacientes, entre pessoas saudáveis, portadores de doenças coronarianas e diabéticos participaram das pesquisas, que não t~em data para terminar. Já foram avaliados o café descafeinado (que tem um teor ínfimo de cafeína), o árabica-pura, o blend (arábica 80%) e o robusta.o próximo passo é avaliar o expresso.
O café de torra escura ( o mais consumido no Brasil) não aumenta a pressão arterial, e que a torra clara aumenta-a um pouco, mas são necessários mais alguns testes para confirmar.
- O café não dá arritmia e aumenta um pouco o colesterol, que, mesmo assim, se mantêm no nível normal. Se ele não for filtrado, a elevação é maior. E um teste com esteira mostrou que a bebida melhora a performance no exercício, como já apontavam vários estudos. As pesquisas agora se voltam para a tentativa de provar seu afeito protetor contra doenças neurológicas. Ele ajuda a evitar o acúmulo da proteína beta-amiloide entre os neurônios, uma das causa do Alzheimer, e reduziria o déficit de dopamina presente no Parkinson. Para quem gosta , mais um motivo para beber.

O QUE DIZEM OS ESTUDOS

  • Café provoca infarto?
Não. Se não protege, a bebida também não precipita o infarto em pessoas saudáveis. E há trabalhos sugerindo que o café reduz o risco de AVC e doenças cardíacas, principalmente em mulheres.

  • Qual a relação entre café e diabetes?
Pessoas saudáveis têm menos chance de desenvolver diabetes se tomarem a partir de dois cafés (de 120ml a 150ml) por dia. Entre os diabéticos, a bebida reduz a mortalidade. Isto porque favorece a entrada da glicose na célula. O perigo, como se sabe, é quando o açúcar fica circulando no sangue.

  • Ele eleva a pressão arterial ou causa arritmia?
Como a cafeína estimula o sistema nervoso central, quem não está habituado ao café pode ter alterações nos batimentos cardíacos ou na pressão arterial, mas elas são pequenas. Hipertensos e pacientes com problemas cardíacos que sejam bebedores eventuais de café devem ter cuidado, mas, entre aqueles já acostumados, estes efeitos não têm sido registrados. Entre os consumidores dos grãos de torra escura (o mais comum no Brasil), o efeito sobre a pressão e os batimentos não foi observado, num estudo do Incor de São Paulo.

  • E quanto ao câncer?
Há pesquisas mostrando que o café pode prevenir alguns tipos de tumores malignos, como o câncer de próstata e o de endométrio. Para outros, como os de mama e esôfago, ele é inócuo.

  • Café interfere na absorção de remédios?
O pico da circulação de cafeína no sangue ocorre de 30 a 45 minutos após sua ingestão. Segundo alguns estudos, ele pode reduzir em até 60% absorção de alguns antidepressivos, estrógenos e drogas para osteoporose (alendronato) e tireióide (levotiroxina). Para que isso não aconteça, deve-se evitar  tomar a bebida e o remédio com intervalos de menos de duas horas entre um e outro. Outras drogas competem com a cafeína pelos mesmos receptores, ao serem metabolizadas pelo fígado. Neste caso, quando o paciente é bebedor habitual de café, seu médico pode achar necessário ajustar a dose.

  • E o colesterol?
O café é capaz de alterar um pouco o colesterol, porque tem substâncias oleaginosas (como o cafestol), mas nada significativo: ele continua dentro das taxas normais. Se o café não é filtrado, aumenta mais. E um estudo holandês indica que ele seja útil para elevar a concentração de HDL, o colesterol bom.

  • Há relação com doenças neurológicas?
Estudos sugerem que ele pode proteger áreas do cérebro danificadas em doenças como Alzheimer e Parkinson.

  • Todo mundo pode tomar? 
Quem tem problemas cardíacos ou mais de 65 anos deve consumir com cautela este e todos os outros estimulantes.

  • O tipo de café faz a diferença?
A julgar pelas pesquisas, não. Sabe-se que cafés não filtrados causam maior aumento da pressão arterial, mas ela se mantém normal. Quanto à cafeína, há pouca diferença entre o teor presente nos diferentes tipos.

Texto: Saúde & Bem-estar - Lilian Fernandes
Jornal o Globo.


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