Edificação: "Conhecendo Deus"

Através dos seus Nomes nas Escrituras

Na cultura mesopotâmica primitiva, o nome era considerado expressão da coisa por ele designada. Isto é saber o nome da pessoa significava tomar conhecimento de uma certa circunstância, expectativa ou da sua própria natureza. Não é por acaso que os judeus eram muito criteriosos na escolha do nome dos filhos. Davam preferência àqueles que traduziam  os magníficos atributos de Deus. Acreditavam que fazendo assim manteriam certos infortúnios sob controle. Sempre que era possível, a família bem instruída evitava nome que tivesse conotação negativa, tais como: derrota, tristeza, má índole, culpa, maldição, etc. (Gn 35. 16-19).
Deus ciente de que o nome, naquele contexto, era expressão do caráter, da natureza, ou do futuro da pessoa, empregou alguns no afã de revelar facetas de Sua pessoa e obras. os nomes, então, constituem-se meios eficientes e eficazes de se conhecê-lo.

  1. "El - era um nome cananeu (próprio para Yahweh?) e, se acha em todos os idiomas semíticos. É a palavra original para deidade, possivelmente derivada de um vocábulo que significava poder ou proeminência. Sua origem exata não foi plenamente descoberta. Há quem diga que se deriva de Ul, sinônimo de: ser primeiro, ser senhor, ou ser forte e poderoso. A palavra "El ocorre com frequência nos textos ugaríticos da antiguidade. Várias culturas e religiões diferentes comumente usavam esse termo. Mas para Israel o uso genérico não tinha nenhum valor. Por ser monoteísta, acreditava apenas no Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Na Bíblia, aparece mais de 240 vezes referindo-se ao Deus ("El) da glória (Sl 29. 3), Deus ("El) da vingança (Sl 94. 1), Deus ("El) da salvação (Is 12.2).
  2. "Elohim é a forma plural de "El. Pode ser aplicada aos ídolos (Êx 34.17), juízes (Êx 22. 8), anjos (Sl 8. 5) e deuses dos pagãos (Is 36. 18). Escritores bíblicos, não raro, associam "Elohim ao poder criativo de Deus e o seu cuidado com a humanidade e o universo. Aparece quase 3 mil vezes no Antigo Testamento, das quais cerca de 2300 referem-se ao Deus de Israel, o único e verdadeiro (Gn 1.1; Sl 68.1).
  3. "Eloah é sinônimo e singular de "Elohim, aquele que tem a capacidade de proteger ou punir: ele ama e castiga (Ap 3. 19), consola e disciplina (Co 1. 3-4 ; Hb 12.10), conserva e extermina (;  Pv 30. 5 ; Sl 50.22; 114. 7; 139. 19); era mais usado na poesia.
  4. "El Elyon era o Deus a quem Melquisedeque servia ( Gn 14. 18). Antigos escritos em fenícios mencionam "Elyon como nome de Deus. E a escrita fenícia ramificou-se depois da língua cananéia antiga do rei de Salem. Inclusive há uma inscrição aramaica da antiguidade encontrada na Síria em que aparece a forma composta "El "Elyon. A conjunção de "El "Elyon significa " Deus Altíssimo". O nome supracitado, embora cananeu, deve ser considerado válido para Deus uma vez que a narrativa bíblica deixa claro que Abraão não contrariou o Deus de Melquisedeque servia (Gn 14. 18-20; Hb 7. 4-10). Teria Yahweh feito alguma revelação a Abraão acerca de Melquisedeque? Se não o fez, por que Abraão não condenou a divindade do rei de Salem? E quem disse que Melquisedeque era maior que o pai Abraão? (Hb 7. 6-7). Ora, o "El "Elyon de Melquisedeque ou 'El Shadday de Abraão, o Deus desconhecido de Epimênides, são o mesmo ser - o Deus único, cujo nome verdadeiro saberemos um dia (Êx 6. 3; Ap 3. 12).
  5. Adonai deriva-se provavelmente de "dun ou "adam", palavras que significam julgar, governar. Revela a Deus como o governante Todo-Poderoso, a quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona, como servo, é claro. Ele é o Senhor! Esta é uma expressão de notável importância na religião judaica. Era, também, consideravelmente popular ainda nos dias de Jesus Cristo.
  6. Shadday  indica que Deus possui todo o poder tanto no céu como na terra; todos os poderes da natureza fazendo-os subservientes a sua obra e propósitos. Quando Deus se manifestou ao patriarca Abraão revelou-se exatamente como o Deus todo-poderoso (Gn 17. 1); Isaque, depois, já idoso, rogou a El Shdday que abençoasse Jacó (Gn 28. 3) e ele atendeu (Gn 35. 11). O vocábulo Shasdday deriva-se de shaddu ( montanha, cordilheira); deve, também, realçar a auto-suficiência de Deus, em tudo. Deus é mais elevado que os grandes montes! Deus é o detentor de todo poder!
  7. Yahweb - é o nome mais frequente, aquele que Deus mais usa na Bíblia. Estudiosos dizem que aparece cerca de 6 mil vezes apenas em versículos do Antigo Testamento. Sua tradução é uma das mais sublimes, profundas e esclarecedoras a respeito do grande Deus. Concordam os eruditos que esse nome se deriva do verbo hebraico que significa "tornar-se", "acontecer", "estar presente" e, por conseguinte, envolve existência, propósito ação. Outros dizem que está ligado a um verbo hebraico que inclui os três tempos verbais: pretérito, presente e futuro - Ele que era, que é e que há de ser (Êx 3. 13-14), oriundo da forma arcaica do verbo hebraico - hawah. Como o alfabeto hebraico tinha apenas 22 consoantes e nenhuma vogal, o nome de Deus era representado pelo tetragrama. Com a transliteração para o latim novo as consoantes "YHWH" foram substituídas por "JHWH" o que resultou na forma não-bíblica "JEOVÁ". Yahweh era o nome pessoal de Deus; assim era ele conhecido por Israel. Alega-se que no período pós-exílico começou a ser considerado sagrado e, portanto, não era pronunciado; o termo Adonai era usado para substituílo.
  8. Theos - nome próprio grego de Deus. Xenofonte, Platão e Aristóteles, sábios filósofos gregos, provavelmente usaram Theos como nome pessoal para um Deus supremo. Seus escritos comprovam essa declaração. Conta-se que os tradutores da Septuaginta, séculos depois, recorreram ao termo empregado pelos eruditos gregos citados recentemente. Zeus, o rei dos deuses da mitologia grega, usava um vocábulo equivalente ao nome hebraico atribuído a Deus - "Elohim. Para resolver o impasse, as teologias pagãs tornaram  Zeus filho de dois outros deuses: Crono e Rea. Zeus, dessa forma, não poderia ser igualado a Elohim. O deus grego, doravante, por ser filho de outros deuses se diferiu de "Elohim, isto é, o Deus incriado, autoexistente, não-nascido de outras divindades. Theos, doravante, pôde representar o vocábulo hebraico 'elohim e seus sinônimos correlatos. A iniciativa parece ter se consolidado, pois os escritores do Novo Testamento, discípulos e apóstolos de Cristo, também adotaram o mesmo termo nos textos divinamente inspirados. A Septuaginta usou-o para indicar o poder e a preeminência de Deus, sua existência não originada, imutável, eterna e sustentada por si mesmo.
Pr. José Roberto de oliveira chagas.

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